segunda-feira, 28 de abril de 2008

1ª Conferência Estadual dos Direitos de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais

O jornal “A Tarde” de sábado dia 26 publicou quatro páginas para notícias relacionadas com a possível epidemia de dengue. Enquanto isso destinou apenas três parágrafos para a 1ª Conferência Estadual dos Direitos de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais. Veja a notícia:

Conferência de direitos dos gays termina hoje

Termina hoje a 1ª Conferência Estadual dos Direitos de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais, realizada desde anteontem, no Instituto Anísio Teixeira (Av. Paralela). O evento tem a proposta de discutir políticas públicas que contemplem o público GLBT. Tudo é gratuito e aberto ao público, das 8 às 16 horas.
Presente ao evento, o presidente do Grupo Gay da Bahia, Marcelo Cerqueira, sugeriu a criação de um delegado especializado para investigar os crimes de ódio contra gays, como forma de agilizar os processos.
Marcaram presença, o sub-secretário de Promoção e Defesa dos Direitos Humanos da Presidência da República, Perly Cipriano, o secretário de Cultura, Márcio Meirelles e o pesquisador da violência policial contra minorias e superintendente da Secretaria de Justiça (assuntos penais), o coronel PM Francisco Leite. Entre as propostas da delegação baiapara a Conferência Nacional, está a inclusão de uma disciplina voltada para a diversidade sexual no currículo das escolas públicas.”.

Lendo a pequena notícia com vagar, percebemos um erro de digitação que passou as “apuradas vistas” do revisor do jornal.
O evento em questão, coordenado pela Secretaria da Justiça, Cidadania e Direitos Humanos (SJCDH) e representantes de movimentos GLBT, ocorreu entre os dias 24 e 26, foi proposto pelo governo do estado em janeiro (Decreto 10.910) e tinha como objetivo discutir direitos humanos, políticas públicas para os homossexuais e o combate a homofobia.



O encontro – que teve como tema "Direitos Humanos e Políticas Públicas: O caminho para garantir a Cidadania de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais” – serviu para a elaboração do Plano Estadual de Promoção da Cidadania e Direitos de GLBT e para avaliação e proposição de estratégias voltadas ao Programa Brasil sem Homofobia, ação de combate à violência e à discriminação GLBT, da Secretaria Especial de Direitos Humanos, da Presidência da República.

O regulamento da conferência está disponível no site: http://conferenciaglbtba.files.wordpress.com/2008/03/regulamento-da-1-conf-estad-glbt-da-bahia.doc

Confira o vídeo do evento:


Antes da conferência estadual, foram realizadas conferências regionais, mobilizando todo o estado, com um total de 17 encontros e concentrações em municípios como Alagoinhas, Barreiras, Valença, Irecê, Porto Seguro, Ilhéus, Camaçari, Feira de Santana, Castro Alves, Nova Soure e Ibotirama. Estas conferências deram subsídios para o evento estadual.

O evento é uma das etapas estaduais preparatórias para a 1ª Conferência Nacional, entre 6 e 8 de junho, em Brasília – mais de 170 países já demonstraram interesse em participar dela como observadores. O Brasil é o primeiro país a convocar uma conferência sobre o tema e o fato chama a atenção dos mais diversos setores que tratam de direitos humanos em todo o mundo.

O ódio a homossexuais vitimou 18 pessoas na Bahia em 2007. Entre os mortos está o funcionário público Mauro José, irmão do humorista Cláudio Manuel – do programa Casseta e Planeta da Rede Globo de Televisão.



O Grupo Gay da Bahia tem divulgado em seu site (http://www.ggb.org.br/) e através de folhetos dicas importantes de como evitar a violência anti-gay. Seguem algumas delas:
1. Evite levar desconhecidos ou garotos de programa para casa;
2. Investigue a vida da pessoa com quem pretende sair;
3. Nunca beba líquidos oferecidos pelo parceiro desconhecido. A bebida (ou chiclete) pode conter soníferos. Em um bar ou boate, preste atenção em seu copo;
4. Se levar alguém para casa, não o esconda do porteiro ou de vizinhos. Eles podem ajudá-lo na hora do perigo;
5. Se for possível, demonstre para seu parceiro eventual que é gay assumido. Isso evita chantagem ou tentativa de extorsão;
6. Não se mostre indefeso, evite demonstrar passividade, medo, submissão;
7. Evite fazer programa com mais de um michê e acerte antes todos os detalhes, como preço e duração;
8. Não humilhe o parceiro. Não exiba jóias, riqueza ou símbolos de superioridade que despertem cobiça;
9. Se o encontro for na sua casa, não deixe armas, facas e objetos perigosos à vista;
10. Se for agredido, procure a polícia, peça exame de corpo delito e denuncie o caso aos grupos de ativistas homossexuais. Lembre-se que as delegacias de polícia são públicas.

Na Secretaria da Justiça funciona, desde 2002, a Comissão Processante Especial (CPE) que tem por atribuição instaurar e julgar processos referentes à Lei Estadual 10.948/2001, que prevê a punição de pessoas e estabelecimentos que discriminem cidadãos em função de sua orientação sexual ou identidade de gênero.
As denúncias podem ser encaminhadas pessoalmente, por cartas, fax, telefone e internet – através do site: http://www.sjcdh.ba.gov.br/. Os processos são sigilosos e, em caso de confirmação da autoria do ato discriminatório, as penas variam de advertência, multas e, até, cassação de alvará de funcionamento de estabelecimentos comerciais envolvidos.

Conferência “Movimento de Luta pelos Povos Indígenas na Bahia”

No dia 23 de abril, quarta-feira, o Jornal “A Tarde” dedicou uma página da sua publicação para o caso da menina Isabella Nardoni. Enquanto isso, foram destinados dois parágrafos à notícia sobre a conferência “Movimento de Luta pelos Povos Indígenas na Bahia”. Veja a notícia:

Luta de indígenas terá conferência amanhã

O cacique Aruã Pataxó, presidente do Conselho de Lideranças e Instituições Indígenas Pataxós de Coroa Vermelha, é um doa palestrantes da conferência “Movimento de Luta pelos Povos Indígenas da Bahia”, amanhã, às 17h, no auditório da Biblioteca Pública do Estado (Barris).
A necessidade de demarcação e ampliação dos territórios indígenas ainda é a principal demanda deles. Aruã destaca a criação de uma Coordenação de Políticas para os Povos Indígenas na estrutura da Secretaria de Justiça e Direitos Humanos (SJDH), ano passado, como uma conquista importante. “Isso partiu da articulação de base da Coroa Vermelha”, lembra. Essa representação no governo é o que, para ele, garantirá o acesso dos 14 povos indígenas da Bahia aos programas governamentais. Outra conquista, segundo ele, foi a criação do Secretaria Municipal de Assuntos Indígenas, em Santa Cruz Cabrália, o que, em sua opinião, é outro canal para melhoria das condições de vida dos indígenas, que no Estado, em levantamento de 2005, eram cerca de 23 mil. ”.

Na conferência em questão, foram debatidos a história recente da luta dos povos indígenas da Bahia pelos seus direitos e os principais problemas enfrentados por essas comunidades.
A conferência foi a segunda do Ciclo de Conferências “Memória dos Movimentos Sociais da Bahia”, realizada pela Fundação Pedro Calmon/Secult.





Em lembrança ao Dia Nacional do Índio, comemorado em 19 de abril, a Diarq – Diretoria de Arquivos da Fundação Pedro Calmon – trouxe para o centro dos debates a história de um dos principais povos que construíram o Brasil. Segundo a Profa. Drª. Wlamyra Albuquerque – que mediou o debate – “Com a chegada dos portugueses, em 1500, deu-se início a uma história de transformações e perdas para os povos indígenas que aqui habitavam e habitam até hoje, lutando a cada dia contra uma realidade de exploração econômica em suas já escassas terras. Neste encontro, pretendemos contar um pouco desta luta e compartilhar com o público as diversas realidades às quais estão submetidos os indígenas na Bahia e suas conquistas até hoje.” (entrevista retirada do site: http://webradiobrasilindigena.wordpress.com/).

O debate “Movimento de Luta pelos Povos Indígenas na Bahia” aconteceu na quinta-feira (24) na Biblioteca Pública do Estado (Barris) com a participação de pesquisadores, professores, estudiosos e representantes de comunidades indígenas. Dentre os participantes estavam o coordenador de Políticas para os Povos Indígenas da Secretaria de Justiça, Cidadania e Direitos Humanos (SJCDH), o pataxó Jerry Matalawê, o presidente do Conselho de Lideranças e Instituições Indígenas Pataxós de Coroa Vermelha, Cacique Aruã e a especialista em Etnologia Indígena e coordenadora do Programa de Pesquisas sobre Povos Indígenas do Nordeste Brasileiro (PINEB), Profa. Drª. Maria do Rosário de Carvalho.

O direito à demarcação de terras para os povos indígenas foi um dos assuntos discutidos na conferência, ao lado de temas como ações nas áreas de saúde e educação e a política de cotas para ingresso de índios nas universidades.

O coordenador de Políticas para os Povos Indígenas da Secretaria de Justiça e Direitos Humanos (SJDH), o pataxó Jerry Matalawê, disse que a defesa da terra é a bandeira principal do movimento indígena e que a organização e troca de experiências entre as mais de seis mil organizações indígenas existentes no país tem sido responsável pela evolução dessas comunidades. “Apesar das conquistas já obtidas ainda resta muito para recuperar uma parte do que foi perdido em cinco séculos de massacres, expoliação e violências sofridas pelos índios brasileiros”, afirmou.

O Ciclo de Conferências segue até o mês de novembro, com os seguintes debates: Movimento Negro na Bahia; Movimento de Trabalhadores na Bahia; Movimento de Luta Pela Terra na Bahia (MST); 40 anos do Movimento Estudantil; Movimento de Gay, Lésbicas, Travestis e Transgêneros na Bahia (GLBTT), Movimento Ambientalista na Bahia, Movimento Contra Intolerância Religiosa e o Movimento Comunitário dos Bairros Populares.



Informação extra: a criação do Dia do Índio ocorreu durante a realização do I Congresso Indigenista Interamericano no México, em 1940. Os índios foram convidados a participarem, mas acostumados com perseguições e traições, recusaram. Dias depois, convencidos da importância do Congresso na luta pela garantia de seus direitos, os índios resolveram comparecer. A partir de então, esse dia foi dedicado à comemoração do Dia do Índio, 19 de Abril.

quinta-feira, 24 de abril de 2008

Controle Remoto ou Remoto Descontrole?

Em nosso contexto o acesso à comunicação está cada vez mais fácil e o tempo necessário para que uma notícia se torne pública está significantemente menor. Uma enxurrada de informações e notícias nos bombardeia diariamente em qualquer lugar que estejamos. Devido a isto é necessário ter uma visão crítica daquilo que nos é transmitido. Por que certas notícias merecem destaque nos noticiários por quase um mês enquanto outras ganham ínfimas citações e pequenas notas nos jornais? Os espectadores são auto-suficientes para escolher aquilo que têm interesse ou esses interesses são criados e adequados através do intenso bombardeio de mensagens? Este blog tem como finalidade retrabalhar e aprofundar notícias que ganham pouco destaque na mídia. Nós temos o CONTROLE REMOTO ou assistimos a um REMOTO DESCONTROLE?