quarta-feira, 4 de junho de 2008

EUA ou Brasil? Quem ganha a disputa de maior intolerância contra homossexuais?

No dia 30 de maio, o jornal A Tarde trouxe uma nota sobre o reconhecimento da oficialização de uniões homossexuais em Nova Iorque. Veja a matéria:

"Cartórios reconhecem casamento gay
O Estado de Nova Iorque deu mais um passo na direção do reconhecimento da união homossexual ao solicitar ontem a seus cartórios que aceitem casamentos entre pessoas do mesmo sexo realizados onde são legalmente permitidos. Nos EUA, Califórnia e Massachusstts já permitem o casamento entre pessoas do mesmo sexo. Nova Iorque instruiu seus cartórios a considerarem que os gays casados fora de suas fronteiras recebam o mesmo reconhecimento que qualquer outra união realizada legalmente. A mudança se aplica a todos os trâmites legais, desde as declarações fiscais a questões vinculadas à pensão ou ao direito de usar o imóvel quando um dos cônjuges morrer, por exemplo".

Califórnia, Massachusetts e agora Nova Iorque já permitem o casamento entre pessoas do mesmo sexo. No entanto, outros 41 Estados dos EUA têm leis que limitam o casamento à união entre um homem e uma mulher.

Obs.: escreve-se Massachusstts ou Massachusetts? Acho houve um equívoco por parte do Jornal.


Três dias após a publicação da nota ( no dia 2 de junho) a revista ÉPOCA trouxe em sua capa a história do relacionamento homossexual entre dois sargentos do exército. Na capa estava estampada a seguinte manchete: "Eles são do exército. Eles são parceiros. Eles são gays".



Nas páginas interiores da revista havia uma entrevista dos sargentos Laci de Araújo e Fernando Alcântara de Figueiredo na qual admitiam manter uma relação homossexual desde 1997. É o primeiro caso de militares da ativa do Exército Brasileiro que, além de assumirem ser homossexuais, admitem uma relação estável e, mais que isso, mostram a cara. "Nós somos um casal e mantemos uma relação estável há mais de dez anos", diz Laci, hoje com 36 anos. "Até no cartão de crédito nós temos o outro como dependente", diz. "É tudo como um casal normal", emenda Fernando, 34.




Fernando Alcântara de Figueiredo foi preso na madrugada de ontem para hoje pela Polícia do Exército na a sede da emissora Rede TV!, em Barueri, na Grande São Paulo. A sede foi cercada pelo Exército na noite de ontem, enquanto Figueiredo e Araújo participavam do programa Superpop.




A emissora havia informado que ambos sargentos estavam presos, mas Alcântara não chegou a receber voz de prisão. Ele está, no entanto, em uma situação, no mínimo, curiosa. Ele afirmou a ÉPOCA que está em um hospital, mas que o diretor da instituição o proibiu de deixar o local.
O Exército afirmou que Araújo está na condição de "desertor e foragido da justiça militar desde maio de 2007" por não ter apresentado exames que comprovem seu estado de saúde após "longo afastamento do serviço militar".
Em entrevista à Rede TV!, após a entrada da Polícia do Exército na emissora, Araújo acusou o Exército de "forçar" a situação para a prisão. “Eles forçaram a situação e forjaram um laudo para me colocar como apto ao serviço, sendo que eu não estou apto, pois estou passando por um transtorno emocional grave”, afirmou Araújo.

O colunista Sérgio Ripardo, editor de Ilustrada da Folha Online, escreveu hoje a respeito do tema:
"'Braço Forte, Mão Amiga'. Esse é o lema do Exército brasileiro. No caso dos sargentos que expressaram sua homossexualidade na mídia, de cara limpa, sobrou braço forte, faltou mão amiga. Afinal, os milicos jamais vão permitir um precedente como a exposição de homossexuais fora ou dentro da caserna, pois enxergam o risco de uma desmoralização de sua autoridade.
Em sintonia com os países mais conservadores, como os EUA, o Brasil impõe a política do silêncio aos militares homossexuais, sob pena de punições. Desconectadas das discussões liberais do mundo, as Forças Armadas, acusadas de diversos crimes bárbaros e hediondos durante o regime militar, apenas refletem o atraso intelectual, cultural e moral de um país truculento, autoritário e cego para a evolução de questões como os direitos humanos. "Braço Forte, Mão Amiga". Há algo mais homoerótico do que esse lema?"

Apesar do conservadorismo estadunidense citado pelo colunista, as notícias comprovam que - pelo menos na legislação - os Estados Unidos estão (de maneira lenta mas estão) evoluindo.

Fontes:
G1 (http://www.g1.globo.com/)
Folha Online (http://www.folha.com.br/)

Confira a nota oficial do Exército sobre a situação dos sargentos no site:
http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI5021-15279,00-CONFIRA+A+NOTA+DO+EXERCITO+SOBRE+A+SITUACAO+DOS+SARGENTOS.html

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